terça-feira, 20 de julho de 2010

Os Dez Pecados do Professor (universitário), por Paulo Ghiraldelli Jr.


1. Fim da aula expositiva original. Há professores universitários que se esqueceram que são antes produtores que reprodutores do conhecimento. Professores assim abandonam a aula expositiva em que deveriam apresentar uma tese original e a substituem por seminários dos próprios alunos que, não raro, resultam apenas em forma sofrida de empurrar a aula. Isso não quer dizer que o professor, na graduação, deve dar aula de sua dissertação ou tese e, sim, que ele deve ter um discurso próprio até mesmo sobre o assunto dos cursos básicos. É isso que torna a aula válida e importante, caso contrário o aluno poderia simplesmente dispensar a aula em função do livro. O professor que não tem um discurso original faz o aluno duvidar da utilidade da aula e, então, resta a esse professor segurar o aluno em sala por meio da coerção da caderneta de presença, o que é mais que lamentável.

2. Doutrinarismo. Há professores que não conseguem distinguir entre o discurso meramente doutrinário e o discurso útil à ampliação do conhecimento do aluno. Em nome da não neutralidade do seu discurso, torna-se incapaz de distinguir entre o discurso com razões explícitas e bem concatenadas e o discurso com denúncias vazias, razões toscas ou nenhuma razão, preenchido por frases dogmáticas. O doutrinarismo, de qualquer tipo, é o começo do fim do ensino superior. Onde ele impera, a universidade acaba.

3. Excesso de avaliação. Há professores que não ensinam, apenas avaliam. Seus cursos são, na verdade, um conjunto de provas ou, então, um excesso de informações que só ganham significado pela existência da prova. Trata-se não de um curso para a aprendizagem e, sim, de um curso para se esmerar na “arte de fazer exames”. É interessante que quanto mais avalia, esse professor menos se avalia.

4. Burocratismo e avalanche de atividades. Há professores que tudo que tocam transformam em burocracia. Exigem a presença na aula, mas de modo burocrático. Exigem a entrega de mil e um trabalhos, mas todos eles só servem para fazer o aluno não estudar, não criar, não se desenvolver, pois são meros instrumentos burocráticos para deixar o aluno ocupado. Esse é o tipo do professor que não tem a mínima noção do que é o conhecimento, ele não sabe que o conhecimento é irmão gêmeo do “período de maturação”. Excesso de atividades pode antes tirar o aluno do estudo que colocá-lo em uma situação de reflexão e amadurecimento. Em um curso universitário em que a maioria dos professores age assim, o melhor que o aluno tem a fazer é sair e procurar uma universidade melhor.

5. Não problematização. Encontramos professores que expõem tudo de modo liso, como se não existissem problemas a serem resolvidos no âmbito do assunto que ministra. Para esse tipo de professor o conhecimento é um conjunto de enunciados que se sobrepõem, e não uma guerra de teorias e verdades que, não raro, cria mortos e feridos definitivos. Para esse professor, o conhecimento é alguma coisa da ordem do acúmulo e não da maravilha da aventura. No máximo, esses professores colocam questões e perguntas, mas são incapazes de trabalhar com um problema efetivo junto com os alunos. Um curso em que o estudante não se defronta com problemas reais que ele tem de resolver pode ser tudo, menos um curso universitário.

6. Falta de curiosidade. Muitos professores reclamam da falta de curiosidade dos alunos pelo assunto de seu curso quando, na verdade, eles próprios não possuem nenhuma curiosidade por tal assunto. O professor universitário deve expor os problemas da sua disciplina, em especial os problemas que encontraram soluções, ainda que não definitivas, mas também deve tentar mapear para o aluno os problemas que permanecem em aberto. Entre esses últimos, alguns podem, sim, ser abordados em nível de graduação. Muitas vezes, são os casos que podem ser abordados na graduação os mais próximos do cotidiano e que chamam o aluno para várias formas de laboratório, segundo as especificidades de seus cursos. O professor deve ter curiosidade por eles e fomentar tal curiosidade no estudante. Caso não consiga isso, talvez seja interessante verificar se não está na área errada ou mesmo na profissão errada.

7. Opinião cristalizada. Encontramos um tipo de professor que conversa muito e deixa o aluno participar da aula com inúmeras perguntas. Dá a impressão de ser um professor aberto. No entanto, às vezes nada é senão um professor extremamente fechado, pois é incapaz de ver que, em determinado nível, o diálogo só ocorre verdadeiramente se a possibilidade de mudar de opinião se verifica. Ele dialoga muito, mas não oferece razões para o aluno mudar de opinião. Inversamente: quando posto na parede e se pega sem razões para argumentar, ainda assim não muda de opinião. O professor universitário que não muda de opinião não serve para o ensino superior. A universidade só é boa se ela cria sem medo o espaço do erro do aluno e do professor, incentivando-os a mudar de posição ou, ao menos, procurar boas razões para não mudar.

8. Fuga da discussão com os pares. Há professor universitário que nunca consegue conversar com os colegas a respeito do assunto que pesquisa ou trabalha. Conversa de tudo e, sobre assuntos burocráticos da universidade, sabe tudo. Todavia, é incapaz de viver o seu assunto de aula e de pesquisa. Deste professor nenhum colega arranca qualquer opinião sobre conteúdos acadêmicos, embora possa conseguir sua opinião sobre todo o resto. Esse tipo de professor que não se envolve com seus próprios conteúdos que ministra e que, enfim, só é um intelectual em sala de aula, acaba por não ser intelectual em lugar algum. Não tem qualquer condição de se colocar como professor universitário. O professor universitário é um intelectual polemista também e principalmente fora da sala de aula, não só com os alunos, mas com seus pares. Ele escreve e fala cotidianamente sobre seu tema e a relação deste com o que ocorre no mundo. Quando não faz isso, está na profissão errada.

9. Nem scholar, nem erudito. O professor universitário deve ter erudição e, ao mesmo tempo, ser um scholar de determinado autor ou assunto. Não se pode ser scholar sem ser erudito no campo da cultura geral e não se pode ser um erudito sem ser um scholar. Só o casamento perfeito dessas duas condições garante o que deve ser o professor universitário.

10. Não presença nos corredores. O professor universitário não tem seu único lugar na sala de aula ou em sua sala ou escritório. Seu lugar é, principalmente, na cantina, nos corredores, nos espaços em que os alunos circulam. O professor que recusa o exercício do footing pela universidade para se deixar abordar pelos alunos e socializar suas experiências, atender alunos e criar um “clima” de polêmica e conversação cultural, não pode ser professor universitário. A universidade só é viva se nos corredores e nas cantinas fervilham discussões promovidas pelo erotismo socrático distribuído entre mestres e estudantes, o que os faz se seduzirem mutuamente. Fora disso, a universidades quase que se resume a um prédio morto – talvez um túmulo de cérebros.

© 2010 Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo, escritor e professor da UFRRJ

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Inscrições para monitoria 2010.2


Os alunos que cursaram até dois períodos e estão matriculados podem se inscrever para a monitoria do segundo semestre de 2010. Foram disponibilizadas 4 vagas remuneradas e 2 vagas por professor para não remuneradas. O objetivo do projeto é o aprofundamento nas áreas do conhecimento, o relacionamento entre professores e alunos com a melhoria das práticas didáticas, possibilitando a realização de um trabalho científico independente pelos alunos.

INSCRIÇÃO: 04/08 (QUARTA-FEIRA)
LOCAL: DEFI (Departamento de Filosofia)
EDITAL

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cinema aos domingos




O projeto Cine Olho Mágico apresenta mais uma iniciativa com exibições aos domingos pela manhã, com sessões direcionada ao público infanto-juvenil. Neste domingo a sessão se inicia com a produção francesa de 2 005 Kirikou- O s Animais Silvestres. Uma narrativa rodeada de mitologia, tradição e superação.
Faça do domingo um dia proveitoso!
Como sempre a exibição será no auditório da ADUFPI às 10 hrs do domingo (18/07).

Mais informações:http://cineclube-olhomagico.blogspot.com/

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Porque a coruja?


A coruja da filosofia é a Coruja de Minerva. Minerva é uma deusa romana. Seu equivalente grego é Athena.

A deusa Athena é a filha predileta do deus dos deuses, Zeus, e da deusa Metis, cujo nome significa “conselheira”, e que indica a posse de uma sabedoria prática. Athena não nasceu de parto normal. Zeus engoliu a esposa, Metis, para se safar do filho que, pensava ele, poderia destroná-lo, aliás, como ele próprio fez com seu pai, Cronos. O nascimento de Athena se dá de um modo especial: após uma grande dor de cabeça, Zeus teve sua fronte aberta por um de seus filhos, e daí espirrou Athena, já forte e grande.

Athena seria a protetora natural de Athenas, uma vez que estava ligada à idéia de cuidado com as habilidades manuais, com as artes em geral, com a guerra enquanto capacidade de proteção e, enfim, com a sabedoria, ou seja, tudo que deveria comandar uma cidade. Todavia, foi desafiada por Poseidon, que também desejava ser o protetor da cidade de Atenas. Os deuses em reunião decretaram que ficaria com a cidade aquele que produzisse algo de mais útil aos mortais. Poseidon fez o cavalo, Athena fez a oliva. A vitória foi concedida a Athena.

A disputa clássica na vida de Athena, no entanto, foi contra uma mortal – Arachne, talvez uma princesa, mas que aparece na mitologia como um tipo de doméstica. Arachne tecia muito bem, maravilhosamente, a ponto de dizerem que a própria deusa das habilidades, Athena, havia lhe ensinado. Mas Arachne negava tal fato e retrucava que poderia produzir uma rede muito superior a qualquer coisa que Athena fizesse. E assim desafiou a deusa.

Athena transformou-se em uma velha e foi procurar Arachne, para aconselhá-la a não desafiar um deus. Mas Arachne ficou furiosa e manteve seu desafio. E então veio o confronto. Ambas teceram rapidamente, mostrando uma habilidade incrível, e a própria disputa se fez de modo tão fantástico que parecia uma homenagem ao trabalho. No produto de Athena, as figuras tecidas mostravam os deuses, imponentes, mas desgostosos com a presunção dos mortais. No produto de Arachne, as figuras exemplificavam os erros dos deuses – tudo em forma de deboche. O resultado foi que Athena não suportou o insulto e se insurgiu contra Arachne. Quando foi para colocar fim na vida de Arachne sentiu piedade (piedade grega, não cristã, é claro) e a poupou, deixando-a viver como um estranho animal – a aranha.

Podemos ler esse mito como uma história para mostrar o surgimento da aranha, é claro. Mas, como sempre, fornece mais leituras: mostra Athena como compreensiva aos erros humanos: um deus que não fosse Athena não se daria ao luxo de virar uma mortal para, sutilmente, persuadir outro mortal de não insultá-lo. Assim, com tal característica, Athena era de fato a condutora da cidade de Athenas, que recebeu tal nome por causa dela. Inspirados em Athena, os cidadãos gregos daquela cidade aprenderiam a se comportar diante das leis urbanas, deveriam tomar as melhores decisões, evitar conflitos e se proteger, ordenadamente – inclusive através da guerra – contra inimigos externos.

A imagem de Athena povoou as mentes de alguns filósofos. Platão, ao falar de Athena, a tomou como protetora dos artesãos, ressaltando o caráter da deusa enquanto não somente uma guerreira e conselheira, mas efetivamente como aquela que, desde o momento que deu a oliveira aos mortais, estava preocupada em honrar a sabedoria prática, a habilidade de usar as mãos em articulação com o cérebro. Talvez Marx, ao falar que o pior engenheiro é ainda melhor que a melhor das aranhas, estivesse pensando, de fato, em Arachne. Mas certamente é com Hegel que Athena se imortalizou para nós modernos, finalmente, na sua ligação com a filosofia. É claro que predominou seu nome romano, Minerva. E mais que a própria deusa, a coruja ficou no centro da história.

A frase de Hegel, que diz que a Coruja de Minerva levanta vôo somente ao entardecer, alude ao papel da filosofia. Ou seja, a filosofia só pode dizer algo sobre o mundo, através da linguagem da razão, após os acontecimentos todos que, tinham de acontecer, efetivamente ocorreram. Antes que “prever para prover”, que é um lema de Comte e, portanto, do espírito cientificista, Hegel preferia dar crédito a uma postura filosófica que se via distinta da postura da ciência: a voz da razão explica – racionaliza – a história. Ou seja, depois da história, ela mostra que esta não foi em vão.

Quando dizemos, com William James, que cada filosofia é o temperamento do filósofo que a criou, podemos então caminhar mais um pouco e dizer que Marx e Hegel aparecem como os que melhor encarnaram a própria psicologia de Athena para tecerem suas filosofias. Marx e Hegel, cada um com sua própria psicologia, seus temperamentos, captaram o espírito de Athena para fazerem disso espelhos para suas filosofias. Pois, afinal, Athena detinha com suas duas facetas o espírito de suas filosofias: de um lado, Athena era a protetora de uma democracia de artesãos, de outro, a racionalizadora das decisões urbanas. Portanto, Marx e Hegel, em essência!

Mas sabemos que, de fato, o símbolo da filosofia ficou sendo a coruja, não Athena. Poderia ser outro animal, e não a coruja, o mascote de Athena? E como mascote da filosofia, o que indica?

A coruja não é bela. Platão era tido como belo, mas Sócrates era horrível. A coruja não é adepta de uma visão unidirecional, ela gira a cabeça quase que completamente, vendo todos os lados. Platão era adepto de uma visão unificadora, mas Sócrates era quase um perspectivista. Platão ensinava em uma escola que, muitas vezes, foi oficial. Mas Sócrates ensinava nas ruas. Foi acusado e condenado por seduzir os jovens, por roubá-los da Cidade, da Pólis. A coruja, por sua vez, é a ave de rapina par excellence, e apanha os descuidados – na noite. Os leva da cidade, para seu ninho. E então, dá para entender, agora, o que é que coruja e filosofia fazem juntas?

© 2010 Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo, escritor e professor da UFRRJ

Leia também em http://ghiraldelli.pro.br : Presidenciáveis, Ideologia e Ensino Técnico.

FONTE: ESCRIBA

Calendário de Matrícula Segundo Semestre 2010


Atenção a todos os alunos aqui está os dias de matrícula para o 2º/2010, não perca seu dia. Atualize-se!

DATAS:
19/07 (SEGUNDA-FEIRA) - Matrícula dos alunos do PSIU e SISU 2º/2010
20/07 (TERÇA-FEIRA) - Matrícula dos alunos com entrada no 1º/2010
21/07 (QUARTA-FEIRA) - Matrícula dos alunos com entrada em 1º/2009
22 e 23/07 (5º e 6º FEIRA) - Matrícula dos alunos com entrada no 1º/2008 e anos anteriores

AJUSTE DE MATRÍCULA
DATA:
27/07 - Confirmação de matrícula e cancelamento de disciplina
29/07 - Acréscimo de disciplina
02/08 - INÍCIO DAS AULAS 2º/2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

6ª Remessa das carteiras de estudante disponiveis no CAFIL

NOME:
1- Luciana Pereira Monteiro
2- Pedro Vinicius Souza da Silva
3- Lucineide Rodrigues Chaves
4-Vânia Bezerra da Silva
5- Rafael de Sousa Cardoso
6-Mayara Cavalcante Ribeiro
7- Aurenice Pinheiro Tavares
8- Rafaela Rodrigues de Sousa
9- Aremir Antônio Mendonça
10- Joelson de S. Costa
11- Caroline C. da Costa
12- Marcell D. de Carvalho
13- Francisco Eduardo Leite
14- Juliana R. da Silva Lima
15- Dayvison Ronny da S. Lopes
16- Viturino R. da Silva
17- Mônica R. Santos Sousa
18- Olegário B. da Silva Junior
19- Marcia D. Ribeiro Chaves
20- Joelma D. de Paulo
21- Bruna R. Soares
22- André Luiz de A. Lima
23- José Romulo H. S. Gomes
24- Sheila C. L. Coelho
25- Ana Patricia S. Sousa